terça-feira, 25 de maio de 2010

Tolices contagiantes



Percival Puggina | 24 Maio 2010

Artigos - Direito

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A maioria das proibições (e também dos direitos) vigentes no país corresponde a direitos e proibições acolhidos pela moral cristã.A lista é imensa. E nem por isso tem a vigência sustada em virtude de sua conformidade com determinada moral religiosa.

Pessoas inteligentes não devem apresentar tolices como se argumentos fossem. Quando fazem isso é por pura e simples má fé. Por desonestidade intelectual. E o pior é que funciona. Repita-se uma tolice insistentemente nos meios de comunicação e, em breve, verdadeira multidão estará dizendo a mesma coisa. A sensatez é bem menos contagiante do que a tolice.

Veja-se este exemplo. Certamente, por tanto ouvir, o leitor conhece a afirmação de cor e salteada: "O Brasil é um Estado laico. Portanto, quem não quiser fazer aborto que não faça, mas não queira impor a proibição aos demais". Hein? Quantas vezes você já ouviu essa patacoada, repetida por gente de sebo e lustro intelectual? No entanto, trata-se de algo sem pé nem cabeça. Aceitar tal dito como argumento implica acolhê-lo para outras situações análogas. Assim: "Quem não quiser espancar a mulher, abandonar os filhos, apropriar-se do alheio, ter várias esposas, andar nu na rua, fazer sexo em público, matar seus inimigos, que não o faça, mas não queira impor aos demais essas vedações da moral cristã. O Brasil é um estado laico".

O Brasil é, de fato, um Estado laico. Como devem ser os Estados modernos. Mesmo assim, a maioria das proibições (e também dos direitos) vigentes no país corresponde a direitos e proibições acolhidos pela moral cristã, como se viu no brevíssimo sumário acima. A lista completa é imensa. E nem por isso tem a vigência sustada em virtude de sua conformidade com determinada moral religiosa. A condição de Estado laico significa coisa bem diferente do que pretendem os enunciadores de tais tolices. Significa, por exemplo, que se o Congresso Nacional legalizar a poligamia, os setores inconformados da sociedade poderão se mobilizar, questionar o preceito perante o STF, sapatear de indignação. No entanto, por mais que a moral cristã repila tal prática, por mais que a poligamia contribua para o servilismo feminino, se o Supremo a referendar, ela passa a valer. E ponto final. Em relação ao aborto é a mesma coisa.

Quando a somali Ayaan Hirsi Ali, autora do livro Infiel, conseguiu fugir para a Holanda, percebeu que nas famílias imigrantes de países fundamentalistas islâmicos persistiam as práticas abusivas contra a dignidade feminina (inclusive infibulação e espancamento). Deu início, então, a uma campanha para tornar obrigatória aos imigrantes a sujeição às leis holandesas, o que implicou considerar delituosos aqueles procedimentos. Pergunto: não seria uma rematada tolice contrapor à brava somali (que acabou deputada no parlamento holandês) que a Holanda era um Estado laico onde quem quisesse moer a mulher de pancada poderia fazê-lo se estivesse habituado a outro código moral ou religioso?

Não se alegue que o aborto difere dos demais casos porque envolve um direito da mulher. Também isso é falso. Assim como o suposto "direito" de o marido castigar a esposa atinge o direito da esposa à própria dignidade, o "direito de abortar" (muito mais gravemente ainda) atinge o direito à vida de outro ser humano. E o direito à vida cobra suprema proteção legal! Aliás, a última pesquisa feita no Brasil pelo Datafolha sobre o assunto, em 2003, mostrava que a população feminina (65%) era ainda mais contrária ao aborto do que a masculina (63%). Mas cá entre nós, sei que não adianta argumentar. Os propagadores de tolices estão interessados, apenas, em vencer e convencer, ainda que às custas da razão, da verdade e das vidas alheias.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tadinho do Ronaldo e do Luxemburgo, Curitiba, Marcos Witt e otras cositas mas


Declaração de Ronaldo em uma coletiva de imprensa recente: "A carreira de um jogador, na maioria das vezes, é sofrida. Enquanto seus amigos têm um final de semana, feriado, você está jogando ou treinando. No meu caso, desde os 18 anos não sei o que é um feriado prolongado, um final de semana." Eu fiquei morrendo de pena, gente. Que exploração do ser humano! Só uns 2 milhões por mês que pagam esse pobre rapaz, e ele não pode sequer ficar fora da concentração do time dele. Não sei quem é pior: ele por não se enxergar, ou a gente por dar importância pra opinião dele ou de quase qualquer celebridade. A maioria das pessoas pensa que porque alguem é famoso deve saber mais ou coisa parecida. Pois não sabem. Na verdade são mais perdidos e despreparados do que o restante de nós.

Falando em coitados, também fiquei com dó (ironic mode: on) do Luxa. Que ficou super ofendido com a brincadeira dos meninos da Vila. Eu vi que era uma reles brincadeira desde a primeira vez que assisti. Os caras estavam felizes com o título e no meio de um monte de zueira resolveram botar o Luxemburgo no meio. Olha o que eu twitei:
#Luxemburgo ficou ofendidinho com as brincadeiras do elenco do #Santos pq é orgulhoso. Esse pessoal do futebol se leva a sério demais. Ñ custa lembrar q futebol é esporte, entretenimento, competição, e como tal, é natural q hajam, dentro dos limites, brincadeiras e provocações. Quem se ofende com uma mera brincadeira, ou é muito orgulhoso e se acha bom demais pra ter seu nome tocado; ou tem baixa alta estima e não aguenta uma brincadeira porque no fundo se acha um lixo e não quer que ninguém descubra isso.

Mudando de saco pra mala, como diz minha mulher. Fui no show do Marcos Witt em Curitiba e mais uma vez minha querida cidade me fez passar vergonha.

O organizador fez uma baita estrutura, que deve ter passado o custo da centenas de milhares de reais (expotrade, palco gigantesco, anúncio em TV, cachês e custo de trazer a banda dos EUA), pra quê? Se deu 1500 pessoas foi muito ( o lugar tinha estrutura pra receber 100 vezes esse número de pessoas).

É uma vergonha a maneira que os evangélicos de Curitiba encaram os eventos direcionados a eles. Ninguém quer desembolsar um real, ainda que goste muito do ministério que vai tocar. O engraçado é que no mundo as pessoas gastam sem dó 40, 50, 100 reais em uma noitada sem dó! Mas quando é um show evangélico: Nossa! 25 reais??? Que exploração! Como eu vou evangelizar assim?

"Evangelizar"? Quem evangeliza em um show de Marcos Witt? Helloooou, isso é evento pra evangélico. O problema é que o crente curitibano (salvo algumas excessões), não valoriza.
A solução? Como eu ouvi num comentário no dia do evento: quem quiser vai ter que ver show
em São Paulo, Joinville, Floripa. Porque aqui não vale a pena.


Obs: Tudo que eu escrevi é meramente a minha opinião, não necessariamente sendo uma verdade absoluta. Tenha a liberdade de concordar ou discordar o quanto quiser.